Pesquisa ex-post-facto


É um tipo de pesquisa que se caracteriza pela investigação de fatos que já ocorreram, ou seja, é realizada após os eventos terem acontecido (daí o termo "ex-post-facto", que em latim significa "após o fato").

Neste tipo de pesquisa, o pesquisador não manipula as variáveis independentes; em vez disso, ele observa e analisa as variáveis tal como ocorreram naturalmente.

O pesquisador analisa dados históricos ou observacionais para entender como uma variável (ou um conjunto de variáveis) pode ter influenciado outra. 

Esse método é útil quando não é possível realizar experimentos controlados, como em estudos sobre efeitos de hábitos de saúde, impactos de políticas públicas ou consequências de desastres. 

Embora não estabeleça relações causais definitivas, pode indicar associações importantes para futuras pesquisas.

Exemplos de Pesquisa Ex-Post-Facto:

Educação: Um estudo que analisa o desempenho acadêmico de alunos que já passaram por diferentes métodos de ensino para determinar se um método específico pode ter contribuído para um melhor desempenho.

Saúde: Uma pesquisa que investiga a relação entre estilos de vida passados (como dieta ou prática de exercícios) e a incidência de doenças crônicas.

Administração: Comportamento dos Consumidores em Resposta a Crises Econômicas: Analisar como a crise de 2008 afetou os padrões de consumo de diferentes grupos socioeconômicos, usando dados de vendas e hábitos de compra.

Vantagens e Limitações:

Vantagens: Permite a investigação de fenômenos onde seria eticamente inaceitável ou impraticável manipular variáveis (como o estudo de eventos passados que não podem ser replicados).

Pode ser mais fácil e rápido de realizar, já que não requer experimentação.

Utiliza dados do mundo real, o que pode aumentar a validade externa dos resultados.

Limitações: Dificuldade em estabelecer relações de causa e efeito com certeza, pois não é possível confirmar se a variável independente realmente causou o efeito observado na variável dependente.

Dependência de registros ou lembranças passadas, que podem ser imprecisos ou incompletos.

Conclusão

A pesquisa ex-post-facto é uma abordagem valiosa quando a experimentação não é possível ou ética. 

Embora tenha limitações em estabelecer causalidade, ela pode fornecer insights importantes sobre relações entre variáveis e contribuir para a compreensão de fenômenos complexos.

Citações e referências

Gil (2002, p. 49), afirma: "A tradução literal da expressão ex-post-factor é a partir do fato passado". 

GIL, Antonio Carlos. Como classificar as pesquisas? In:______. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas, 2002. cap.4, p. 41-57.

Gil expõe que: [...] A pesquisa ex-post-factor lida com variáveis, que por sua natureza não são manipuláveis, como: sexo, classe social, nível intelectual, preconceito, autoritarismo etc. Por exemplo, numa pesquisa para verificar a influência da privação na infância sobre o desenvolvimento mental futuro, não seria possível fazer com que grupos diferentes de crianças sofressem privações em graus diferentes, á vontade do pesquisador. Seria possível, contudo, encontrar grupos de indivíduos que já tivessem passado por níveis diferentes de privação e depois estudar seu desenvolvimento mental. (2008, p. 52).

GIL, Antonio Carlos. Delineamento da pesquisa. In:______. Métodos e técnicas de pesquisa social. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. cap.6, p. 49-59.

“a pesquisa ex post facto analisa situações que se desenvolveram naturalmente após algum acontecimento” (PRODANOV, 2013, p. 65).

PRODANOV, C. C.; FREITAS, E. C. Metodologia do trabalho científico: métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2 ed. Novo Hamburgo, RS: Universidade FEEVALE, 2013.